Indigenidade, processos de racialização e família em um município piauiense

Abstract

Em Coronel José Dias (PI) estudei processos de racialização, mas nem sempre o soube. Investiguei a relação de algumas famílias com sua ascendência indígena, em um contexto em que não há reivindicações étnicas de povos indígenas. Nas narrativas de histórias locais, os “índios” ou “caboclos” eram sempre postos num passado pré-fundacional. Contudo, diversas famílias disseram ter “sangue de índio”, e apontaram traços racializados indígenas em si. Na sede do município ouvi que ali não havia nem “índios” nem “morenos”, eram todos misturados, pois não faziam diferença entre famílias. Contudo, nas localidades rurais, formadas a partir de grandes fazendas de gado, os descendentes dos fazendeiros só se casavam “na família”, isso é, excluíam os não brancos das redes familiares. Assim, minha proposta é apresentar essa configuração racial local, em que a indianidade possui aspectos racializados, e em que raça e família, como termos de referência, se sobrepõem ou se diferenciam contextualmente.